terça-feira, 26 de agosto de 2008

Omelete do meu pensamento


Ó mãe, me lembro quando nosso primeiro cachorro foi envenenado

Eu estudava numa escola particular e levantei cedo
ele estava alucinado
ele enfiava com tanta força seu focinho nos buracos dos tijolos jogados pelo pátio
com o olho de quem perdeu sua alma.

Você olhava com pena
e um minúsculo sorriso na boca
porque entendia a minha dor
e as demais tragédias pela qual passaste te ensinaram que a primeira tragédia nunca é a pior
e sorria pois sabia
que um dia eu ia entender.

Na escola eu mais ou menos que me esqueci
e encarnei a imagem de sempre que até hoje mantenho
de inexaurível ser superior
mesmo sendo um pirralho gordo extremamente bochechudo
e nada razoável.

Quando cheguei em casa, já estava morto.
Estava inchado, e havia vomitado um arroz com coisinhas verdes.
E, nesse exato momento da minha vida,
quando eu e o meu irmão carregamos o cão e uma pá até uma floresta distante da minha casa,
foi quando virei Homem.
Somente Homens recebem um empurrão involuntário na consciência
para carregar um ser amado morto
até o túmulo.
Chorei todo o trajeto de ida e volta
Chorei no calo de sangue que meu irmão criou na sua mão ao cavar a terra.

Quando chegamos em casa, o almoço estava pronto.
Eu jamais irei esquecer desse almoço.
O almoço que eu comi hoje me lembrou esse almoço.
Eu me lembro muito especificamente do omelete que tu fez
(nunca te chamei de senhora, e não vai ser agora):

O omelete tinha coisinhas verdes
.


.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lacaio


Você quer entrar nos meios sim...
quer participar das orgias
regadas a vinho do porto
e cocaína.
Quer se incluir
quando seus colegas ministrarem típicas festas de irmandade universitária norte-americana
quer ser incluso.
Nem que isto lhe custe horas de bajulação
e humilhação;
se esconde atrás de pretextos cinematográficos avant-garde
e estilos alternativos mimados de vida européia
desprezível máscara
para esconder a podridão e a miséria de teu intelecto.
Pois se dentro desta carcaça
chegou a existir algum mel,
certamente já foi consumido pelo egoísmo
e anti-sociabilidade, incompatibilidade de manter qualquer espécie de relacionamento
sem lacaísmo.

Esqueça-te de quem foste
de quem vieste
de quem conheceste
do que fizeste
de onde moras (presente, veja bem)
e infiltra-te nos meios
e te fodas.

Nos vemos na taberna do Portador da Luz,
onde o meu escárnio te fará feridas.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Feira


A poesia inerente a todo ser escroto e ébrio desconectado!

Veja o pássaro negro que voa muitíssimo alto!
Veja a pulga que caminha na barba do mendigo!

Não me diga que é o homem que muda o mundo
não me diga que tu pode mudar o mundo, cara!
"Eu vi os expoentes da minha geração..."
- Abraão! Entro em frenética aflição!
Minha geração não tem expoentes!

Eu não sou da tua geração Lucas, eu nasci um mês e meio antes de ti.
Tudo anda tão intenso

Há dois anos atrás, o intenso representava a infantil alegria de mentes
realmente infantis que descobriram como ser ímpares diante dessa sociedade
de arquétipos pré definidos, vômito amarelo e fumegante. Era mútuo
era auto suficiente, era do caralho.

Estou ficando saudosista
Hoje a intensidade é assim ó:

(conversa teclada extraída de uma espécie de
TV interativa muito louca com botões
[tenho que usar essa linguagem
onomatopéica da minha mente,
{computador}
estou escrevendo um poema,
quero ser cult]
fora de ordem alfabética
cúmulo vicioso da sociedade retrógrada)

Vocês só estão virando galinha para me provocar,
não lhes empurro mais livros de conteúdo subversivo.
Eu quero que todos vocês virem escritores e escutem jazz para nós fazermos outra geração beat.
Cara, nós temos 10 ²³ possibilidades!!!
Nós temos câmeras de vídeo e foto
nós temos guitarras
e maracas
Eu tenho um CD do Bokaj Retsiem, "Psychedelic Underground"
vamos dar uma festa.
Nós convidamos garotas. Trepamos álcool e ritalina.

Eu não vivo no submundo.
(pragmático).
Meu futuro não está comprometido.

E ainda perco o raciocínio, no sentido mais amplo, sacas??

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Inconsciente


Nos sentimos muito bem,valeu.

As imagens distorcidas do clarão de luz súbito de dentro da mente bombardeia
a minha consciência e me faz querer ser cada vez mais jovem
No sentido de preservar o impulso que me causa , e eu dou um pulo e grito,
sem que minha consciência influa, direta ou indiretamente, na brecha
para cima existente entre as quatro paredes com
infiltrações amarelo-esverdeadas da minha casa,
um palacete sem pilhérias da atualidade fútil da imaginação vulgar e
não fertilizada de ineptos seres humanos inconscientes e ignorantes
do verdadeiro sentido cabível em nossa existência
Eu os odeio e farei de tudo para todos sentirem vontade de socarem sua
cabeça se os virem na rua, pois eles poderiam estar na curtição que
eu gostaria de estar e não estão porque são uns bostas,
ah mas vai chegar o dia que eles vão ficar doentes e vão vomitar ar, nada mais,
e eu me digo nessa introspectiva conversação contra o meu maldito eu interior
no que é feito de fumaça e cutículas que embora eu não alcance barato
com a manifestação inútil e voltada ao dinheiro, eu me encontro e me
deparo com aquele ser que sempre gostaria de ser
no artista minimalista que subjetivamente consegue entrar no recinto
verde ofuscante do cogumelo com bolinhas e te mostra como é massa
ser ateu, embora eu não seja ateu
ja que eu tenha o cabelo curto de gel escorrendo pelo olho e sinto a ínfima
manifestação do sagrado panfleto instigador da miríade panteológica de
Amon-Ré em toda a sua exuberância
no eterno blow que controla as suas ações não tão divinas assim,
mas tudo bem, eu mesmo escrevo torto nas linhas certas.

E você entende... isso que importa.

domingo, 17 de agosto de 2008

Arauto


Demorei pra me ligar
mas enfim me abstraí e consegui me expressar
como alguém da assistência.

......................................................................................

Eu sou
aquele que usa cabelos compridos
e bota country com esporas
e calça skinny
e jaqueta de couro,
e riem da minha cara.
Porque eles se consolam entre si
com seu riso
Porque eles não tem a coragem
e sim filhos prematuros
fadados à marginalidade.

Os meus Ideais de Liberdade e o meu All Star
ainda ofendem as encanações do século passado,
que, em relação a mim, não evoluíram
e muito menos involuíram.

Novo Século de merda,
em que os Negros querem ser brancos
tratados com pós-conceito
e ainda por cima aceitam isso com um sorriso de orelha a orelha
como idiotas otários que recebem a restituição do Imposto de Renda.
E Bixas surgem de todos os cantos.
Quando inquiridos a respeito do porquê dessa opção,
a escassa bagagem intelectual só lhes permite dar pretextos lidos em alguma revista direcionada à classe média carioca...

Malditas Ultimas Tendências!
Mas não me confunda com eles!
Eu sou o Paladino da Liberdade
Eu sou aquele que não se amedronta
e não se abstém se estiver afim de chamar o Cidadão Trabalhador
de Mercadoria.
Ah! Maldito Novo Século do Conformismo.
Eu sou aquele que quer ser beatnik
e não dá a mínima se é crime pedir carona.
Eu sou aquele que ainda se sente motivado a se expressar
mesmo que agora seja permitido se expressar.
Eu sou aquele que representa alguém que precisa de um corte de cabelo mecânico.

... e que passa de cabeça baixa pelos caipiras.
Vejo o brilho nos olhos deles quando me aproximo...
Querem me matar.
Pois se me matam, lhe dizem:
" e aí, hem? Ele era tão livre a ponto de fazer o que eu fiz?"

Mas saiba que, mesmo se eu usasse uma bombacha stretch castelhana,
ou um boné da National Basket Academy,

...

Não, eu seria um merda igual eles.

Eu Sou aquele que brinca e o ajuda a perder o seu tempo
Eu sou aquele que nunca se comforta
que nunca se comporta
e que nunca estará convicto.
Eu sou aquele que ri da sua cara se me expõe motivos e tenta me convencer a votar no seu candidato...

Eu Sou O Arauto da (risos) Liberdade Individual!
Eu sou aquele que tenta escrever igual Blake, só porque Ginsberg o fez.
Eu sou aquele que,
seja com uma pena,
e um tinteiro,
ou seja com um pincel
ou com uma câmera
ou com um violão
(eu só sou um cara que canta e dança man, you know)
, ainda está pela revolução contra las oligarquias imperialistas.
E,
acima de tudo,
pela curtição.

Eu sou aquele que, e não me importo se tu julgar isso reacionário,
tenta continuar o ciclo / Em alto estilo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Eu tenho andado nessa onda beatnik, sacas...


Esse é um poema meu, se chama:

"Retorno"

Cá estamos nós, denovo,
Mas por um tempo pensei que aquela turba demaconheiros, sugadores de sangue homossexual
heterótrofos
havia escolhido dobrar à direita antes mesmo de chegar no cruzamento
que após se converte na inescapável Rótula da Vida
(pois o padrão de vida dos séculos recentes exige andar em círculos).
Mas ao sentir que estou quase chegando lá,
quebro todas as leis de trânsito
faço um retorno em plena Mauá de fim de tarde,
atropelo 3 pessoas (que eu amo)
perco a porta do carona,
me jogo do carro em movimento
e caio no colo da mais singela de todas as Alices
o meu patinho-feio
ela me guia numa viagem não-tripulada
pelo interior bucólico de suas entranhas carnívoras
e com sede de sangue surpreendentemente incrível
o último e mais prioritário de todos os desejos
Como a fênix tem que pegar fogo,
Pena que eu só consiga vê-la por entre
a Caixa Preta Fudamental de uma realidade surrealística demais para a minha paciência, que tento conservar
com meus remédios sub-linguais baratos
no nevoeiro de um final de semana fatídico.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

O início...


Well... Este é o começo do blog do Diey Noxivs, vocalista e contrabaixista da banda Os Gandharvas.Aqui vou expressar minhas opiniões tanto sobre a cena rock do jardim algarve como sobre outros assuntos que me pareçam relevantes, como futebol e política.

See ya!